Presidente dos EUA tinha um discurso pronto caso a Apollo 11 terminasse em tragédia – leia aqui

Quando Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins entraram subiram o elevador, cruzaram o pontilhão e entraram na cabine, em 16 de julho de 1969, sabiam os riscos que corriam. O mesmo módulo de comando já havia matado os três astronautas da Apollo 1, Gus Grissom, Edward White e Roger Chaffee, menos de dois anos antes, em 27 de janeiro de 1967. Eles sequer decolaram: morreram em terra, num treinamento corriqueiro, quando um incêndio incontrolável no interior do módulo carbonizou seus corpos em minutos.

A Apollo 11 corria o risco de terminar de um jeito bem mais desolador. Nos 30 anos da missão, em 1999, William Safire, porta-voz da então presidente Richard Nixon, descreveu a situação em seus sombrios detalhes: “Na época, o maior risco para a missão lunar era levar aquele módulo de volta para o alto, na órbita em torno da Lua, e então juntá-lo à nave de comando”, disse, em entrevista à rede de televisão NBC. “Mas, se eles não conseguissem – e havia um bom risco que não conseguissem –então teriam que ser abandonados na Lua. Deixados para morrer ali. O controle da missão teria então que, usando seu eufemismo, ‘fechar a comunicação’ . E os homens teriam então que morrer de fome ou cometer suicídio.”

Buzz Aldrin caminhando
Buzz Aldrin caminhando com equipamento na missão Apollo 11 (Foto: Nasa)

Também estava no plano alertar as viúvas e chamar um capelão para uma cerimônia de enterro simbólico. A história de que carregavam pílulas de cianeto para o suicídio, como os líderes nazistas, é lenda urbana; se chegasse o pior, o plano, como revelaria Buzz Aldrin em entrevistas, era simplesmente abrir uma válvula e deixar o ar sair. Confirmada a tragédia, caberia ao presidente Richard Nixon anunciá-la ao mundo.

Safire foi responsável pela carta, que foi mantida secreta até 1999, quando o repórter do jornal L.A. Times Jim Mann encontrou-a perdida no Arquivo Nacional dos EUA. Eis o que o mundo ouviria:

O destino determinou que os homens que foram à Lua para explorá-la em paz nela permanecerão para descansar em paz.

Esses bravos homens, Neil Armstrong e Edwin Aldrin, sabem que não há esperança para seu resgate. Mas eles também sabem que há esperança para a humanidade em seu sacrifício.

Esses dois homens estão deixando suas vidas para o mais nobre objetivo da humanidade: a busca pela verdade e pela compreensão.

Estarão em luto por eles suas famílias e amigos. Estará em luto por eles sua nação. Estarão em luto por eles as pessoas do mundo. Estará em luto por eles a Mãe Terra que enviou dois de seus filhos rumo ao desconhecido.

Em sua exploração, eles instigaram as pessoas do mundo a se sentirem como uma só; em seu sacrifício, eles unem com mais firmeza a irmandade do homem.

Na Antiguidade, o homem olhava para as estrelas e via seus heróis nas constelações. Hoje, fazemos o mesmo, mas nossos heróis são homens épicos de carne e osso.

Outros seguirão, e certamente encontrarão seu caminho para casa. A busca do homem não será interrompida. Mas esses homens foram os primeiros, e eles permanecerão em primeiro lugar em nossos corações.

Pois todo ser humano que olhar para a Lua nas noites que virão saberá que há um canto em outro mundo que será sempre humanidade.

Leia o original em inglês aqui.